segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Novo tipo de vegetação brasileira.

IBGE classifica novo tipo de vegetação brasileira
Floresta Estacional Sempre-Verde pode ser encontrada no Mato Grosso e é caracterizada por não perder suas folhas, mesmo em épocas de seca
Clara Nobre de Camargo

Interior da Floresta Estacional Sempre-Verde das Terras Baixas, parcialmente alterada (MT)
Foto: IBGE/Divulgação

Entre cerrado, caatinga, florestas ombrófilas e tantas outras formações da flora brasileira, em 18/01/2013, terça-feira, um novo tipo vegetação passou a fazer parte do nosso Sistema de Classificação de Vegetações. A Floresta Estacional Sempre-Verde, que pode ser encontrada principalmente no Estado do Mato Grosso, foi oficializada no Manual Técnico da Vegetação Brasileira, lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Elaborado por uma equipe técnica de especialistas no assunto, o estudo descreve esta vegetação como possuindo baixa riqueza de espécies, se comparada com os tipos florestais próximos, apesar de permanecer, como diz seu nome, sempre verde, mesmo nos períodos de estiagem. Nas áreas mais baixas é possível encontrar uma grande exuberância das plantas, com árvores de 30 a 40 metros de altura, de troncos largos.

“A vegetação da Floresta Estacional Sempre-Verde é constituída por espécies essencialmente amazônicas que revelam ausência ou baixa decidualidade (perda de folhas) durante o período de estiagem”, coloca o manual. Ela pode se mesclar com florestas ombrófilas, savanas e caatingas, dependendo do seu local de ocorrência.
HORIZONTE GEOGRÁFICO

Elevação dos mares ameaça a Flórida

NICK MADIGAN
DO "NEW YORK TIMES"

De acordo com as previsões mais pessimistas, as belas ilhas, comunidades e praias do sul da Flórida podem desaparecer em apenas cem anos, devido à elevação das águas do mar. Mais para o interior, a região pantanosa de Everglades, que garante o suprimento de água doce da região, pode um dia ser contaminada pelo avanço do mar. E o arquipélago de Florida Keys, que se estende para dentro do golfo do México, será quase inteiramente submerso. 

"Acho que as pessoas não entendem como a Flórida é vulnerável", disse Harold R. Wanless, presidente do departamento de ciências geológicas da Universidade de Miami. "Até o final do século, teremos quatro, cinco ou seis pés de água, ou mais. É preciso acordar para a realidade que está por vir."

A preocupação com a elevação do mar está levando governos locais a entrar em ação. Com população conjunta de 5,6 milhões de habitantes, os condados de Broward, Miami-Dade, Monroe e Palm Beach formaram uma aliança para procurar soluções.

A Flórida, que sempre foi fustigada por furacões e enchentes, é o Estado americano mais vulnerável à elevação do nível do mar. Mesmo previsões mais conservadoras que as do professor Wanless consideram que a maior parte da região costeira baixa da Flórida será sujeita a inundações cada vez mais frequentes, à medida que o degelo das calotas polares se acelerar e que os oceanos subirem de nível e avançarem terra adentro.

Boa parte dos 1.900 km de litoral da Flórida fica pouco acima do nível atual do mar. Construções, estradas e outros elementos de infraestrutura que valem bilhões de dólares têm seus alicerces sobre calcário, que solta água como uma esponja.

Até agora a questão não chamou muito a atenção dos parlamentares estaduais e parece ser igualmente ignorada por segmentos da comunidade que têm interesse financeiro em proteger a dinâmica economia do sul da Flórida.

"A maioria dos empresários está alheia ao problema", disse Wayne Pathman, advogado de Miami especializado no uso da terra. Em última análise, disse ele, o indicador mais forte da crise será a recusa das seguradoras em cobrir riscos em áreas costeiras.

"As pessoas tendem a subestimar a gravidade do que pode acontecer aqui", disse Ben Strauss, diretor do Programa de Elevação do Nível do Mar da organização científica independente Climate Central. Para ele, os efeitos sobre o valor dos imóveis podem ser devastadores. Suas pesquisas mostram que há imóveis no valor de US$ 156 bilhões em terrenos situados menos de um metro acima da linha da maré alta na Flórida.

O professor Wanless acha que a única saída é estudar medidas como uma moratória sobre as construções em áreas costeiras e obrigar os moradores dessas áreas a se mudarem para o interior.

Mas, para Charles Tear, coordenador de emergências de Miami Beach, "o céu não está caindo, embora o nível da água esteja subindo". Tear revelou que ele e outros administradores de Miami Beach se pautam pela previsão mais conservadora, segundo a qual o nível do mar subirá até 38 centímetros nos próximos 50 anos.

"Não podemos pensar nos próximos cem anos", explicou. "Temos que ser realistas."
Folha de S. Paulo 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Quem é o dono do Ártico?

O território gelado guarda nada menos do que 400 bilhões de barris de petróleo. E todo mundo quer beliscar um pedaço desse tesouro

Texto Pedro Dória
Nas contas da respeitada consultoria da área de energia Wood Mackenzie, há 400 bilhões de barris de petróleo no círculo polar ártico. Não custa comparar, o megacampo de Tupi, anunciado em novembro último pela Petrobras, tem até 8 bilhões de barris. E essa brutal quantidade inexplorada de combustível no Ártico é um problema. Primeiro, porque gera a tentação de explorar; segundo, porque não é tão claro quem manda naquelas águas; terceiro, pelo aquecimento global.
Em julho, a Rússia pediu à ONU que incluísse em seu território 119 395 km2 do Pólo Norte. O Pólo Norte não é como o Sul: não há terra para além de Europa, Ásia e América do Norte. O que há no topo do mundo é água fresca congelada. Dessa forma, a regra que rege a área é a Lei do Mar, um tratado internacional de 1982 assinado por todos os países cujos territórios ultrapassam o círculo polar ártico com exceção dos EUA.
         
             
                                         Imagem retirada do site: planetasustentavel.abril.com.br
Os EUA vão assiná-lo. Em 2007, o Senado do país aprovou sua inclusão, embora ainda existam trâmites a seguir. Como a aprovação veio a pedido do presidente George W. Bush, a sanção da Casa Branca é garantida.
O que a Lei do Mar determina é que todo país tem o direito de controlar até 200 milhas de distância de sua costa – equivalente a 370 quilômetros. O dilema é determinar onde tem início a costa. Se um país prova que sua crosta submersa vai além das 200 milhas, conta a partir dali. Mas há um prazo para a requisição – e, portanto, há uma corrida em jogo.
A alegação russa é de que a cordilheira de Lomonosov, que se estende por baixo do oceano Ártico ocupando quase metade do círculo polar, tem início na plataforma continental asiática. Ou seja, da Rússia. A alegação é antiga – a diferença, agora, é que o russos têm um extenso relatório composto por uma expedição a bordo de um submarino nuclear.
Mas, antes que Moscou possa anexar um naco do Ártico equivalente ao tamanho de França, Alemanha e Itália somadas, dois órgãos precisam ratificar o processo. O primeiro é a ONU, responsável por moderar quaisquer dúvidas a respeito da Lei do Mar. O segundo é o Conselho Ártico. Nele, além dos russos, sentam-se também Canadá, EUA, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia – os 8 que têm territórios para além do círculo.
E isso é um problema. Embora não haja provas científicas, a cordilheira de Lomonosov provavelmente faz parte também da plataforma continental americana – e, seguindo o raciocínio russo, os canadenses poderiam requerer para si a mesma metade do pólo. Aliás, eles já fizeram um requerimento não tão ambicioso, mas ainda assim grande. Como o fizeram também Noruega e Dinamarca e como pretende fazer, segundo o Washington Post, os próprios EUA, tão logo ratifiquem o tratado.
Em jogo, afinal, estão 400 bilhões de barris de petróleo e uma quantidade igualmente dantesca de gás natural. Aquela é a região mais difícil de extração que há – apresenta um problema delicado de engenharia e condições inumanas para habitação. Além do círculo polar, faz sol quase o dia todo no verão e o inverno é noite quase contínua. A vegetação mal cresce e são poucos os animais que sobrevivem. A maior cidade além do círculo é Murmansk, na Rússia, com 325 mil habitantes. A 2a maior, Norilsk, tem 135 mil – e por aí vai. Plataformas petroleiras para muito além do continente – que é mesmo onde ficariam – seriam desumanas.


                        Imagem retirada do site: brasilsoberanoelivre.blogspot.com
A confirmar-se a previsão da Wood Mackenzie, de que há mais gás do que petróleo, o problema fica ainda mais difícil. Petróleo leva-se de navio. Para gás, é preciso ou uma usina de liquefação flutuante – que custaria um preço extorsivo – ou um gasoduto, que é impossível de construir sem que o impacto sobre o ambiente, a fauna e a flora seja grande.
O irônico, certamente, é que o Conselho Ártico foi criado em 1996 com um discurso um bocado diferente. O propósito era dividir a responsabilidade pelo derretimento da água fresca que, um dia, congelou no pólo. A mesma água que, uma vez derretida em consequência do aquecimento global, mudará as correntes, cobrirá Amsterdã e carregará consigo o clima da Terra. Aquecimento esse, como costuma sugerir a própria ONU, causado pelo excesso de queima de combustíveis fósseis. Esses mesmos que sonha-se retirar do Ártico.


Ártico - 400 bilhões*
Arábia Saudita - 262,7 bilhões*
Canadá - 178,9 bilhões*
Irã - 132,5 bilhões*
Iraque - 112,5 bilhões*
Emirados Árabes - 97,8 bilhões*
Venezuela - 75,27 bilhões*
Rússia - 74,4 bilhões*
EUA - 22,45 bilhões*
Brasil - 12,22 bilhões
União Européia - 7,33 bilhões*

*Barris

Fonte: World Factbook da CIA - órgão oficial dos EUA.