quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Reflexos no Brasil de terremotos distantes.


REVISTA CH 249 :: JUNHO DE 2008

Artigo analisa abalos sísmicos relatados com freqüência cada vez maior em cidades brasileiras

Moradores de prédios em diversas cidades brasileiras, em especial São Paulo, Brasília e Manaus, têm se assustado, nas últimas décadas, com abalos sísmicos que fazem com que os apartamentos balancem, as janelas trepidem e objetos se movam. Muitos deixam suas residências às pressas, acreditando que está ocorrendo um terremoto.

O fenômeno, na verdade, é conseqüência de terremotos, mas em raros casos estes ocorreram no Brasil. Em geral, o que as pessoas sentem são reflexos de terremotos distantes. Tais reflexos são sentidos desde 1922 nos grandes centros urbanos brasileiros, embora tenha havido um aumento de ocorrências na última década. Usando a sismologia, busca-se compreender como e por que ocorrem os reflexos e o que causou o aumento de sua ocorrência no país.


(foto: Nate Brelsford)

Em 13 de novembro de 2006, o jornal Folha de S. Paulo publicou notícia com o título ‘Reflexos de terremoto na Argentina atingem quatro estados e o DF’. O abalo tinha acontecido, a grande profundidade, na província argentina de Santiago del Estero, e teve magnitude 6.8 na escala Richter. Outra notícia no mesmo jornal, em 16 de agosto do ano passado, dizia: ‘Tremor de terra sentido por moradores de Manaus’. Nesse caso, os manauaras sentiram os reflexos de um forte terremoto (de magnitude 8) ocorrido no Peru, que causou 510 mortes naquele país.

Ultimamente, essas notícias tornaram-se freqüentes, e os ‘tremores’ chegam a assustar a população e até provocam a evacuação de grandes edifícios. No último dia 22 de abril, um tremor de magnitude 5.2, na plataforma continental brasileira, a 215 km da cidade paulista de São Vicente, foi sentido em várias cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Entretanto, muitos dos abalos que assustam moradores de grandes centros urbanos brasileiros são reflexos de terremotos andinos – ocorridos na região da cordilheira dos Andes, a oeste da América do Sul.

O primeiro registro no Brasil de tremores desse tipo, decorrentes da influência andina, ocorreu em 17 de janeiro de 1922, às 3h50 (horário de Greenwich). O terremoto, com profundidade de 650 km e magnitude 7.6, ocorreu no norte do Peru, a 1.300 km de Manaus, onde foram sentidos os reflexos. Desde então, foram registrados reflexos de 51 eventos distantes em cidades brasileiras, com notável aumento dessa ocorrência nos últimos 10 anos nas cidades de São Paulo, Manaus, Curitiba e Brasília. Esse aumento nos deixou curiosos, fazendo com que buscássemos, por meio da sismologia, respostas para esses reflexos no Brasil.

De modo geral, a primeira explicação é a de que qualquer terremoto gera oscilações (ondas sísmicas) que podem, dependendo da energia liberada pelo fenômeno e de fatores geológicos, se propagar na crosta terrestre até longas distâncias. Os prédios mais altos sentem essas ondas sísmicas com maior facilidade.

Quando acontecem terremotos com conseqüências graves (em 1976, na China, cerca de 250 mil pessoas morreram em um desses eventos), surgem dúvidas e questionamentos sobre certas definições tão distantes da nossa realidade. As mais comuns são as seguintes: O que é um terremoto? Por que tantos terremotos ocorrem na costa oeste da América do Sul? Acontecem – ou acontecerão – terremotos com a mesma magnitude no Brasil? O fenômeno tem alguma relação com o aquecimento global? Por que um terremoto tão distante é sentido em cidades brasileiras?


George Sand França
Observatório Sismológico, Universidade de Brasília
Marcelo Assumpção
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas,
Universidade de São Paulo

O mar vai ganhar uma montanha.


Nas últimas duas décadas, os geólogos perceberam que o Mar Mediterrâneo é relativamente recente. Ele nasceu há cerca de 45 milhões de anos em decorrência do afastamento cada vez maior entre a Europa e a África. Este ano, pesquisadores do Laboratório de Geociências Azur, na cidade francesa de Villefranche-sur-Mer, confirmaram a suspeita de que ele já está começando a secar. Há uma cadeia montanhosa brotando no chão do mar e deverá soterrá-lo, no futuro. A bordo do submarino Nautile, os geólogos rastrearam o leito marinho usando sonares. Localizaram fraturas, dobras geológicas e vulcões mortos, alguns com 20 quilômetros de diâmetro. Segundo Jean Mescle, líder da equipe, a cordilheira despontará das águas dentro de 8 milhões ou 10 milhões de anos. "Em Geofísica, a paciência é fundamental", brinca ele.

Revista Superinteressante

sábado, 17 de agosto de 2013

Globo versus Receita: um escândalo dentro do escândalo.

Existe um escândalo dentro escândalo do caso Globo versus Receita Federal.
É a omissão da mídia, dos políticos e do governo. Todos estão se fazendo de mortos, numa cumplicidade mórbida, como se não estivesse ocorrendo nada.
A tarefa de lutar por um Brasil melhor, neste caso, está limitada, até aqui, a esforços épicos de blogues independentes.
Os fatos são espetaculares.
Vejamos: 
A Receita, como primeiro noticiou o blog O Cafezinho, flagrou a Globo numa trapaça fiscal. Documentos vazados por uma fonte da Receita mostram que a Globo tratou a compra dos direitos da Copa de 2002 como se fosse um investimento no exterior para fugir aos impostos brasileiros.Isso se chama sonegação. E sonegação é corrupção.
A empresa se utilizou, na manobra, de um paraíso fiscal, recurso predileto de sonegadores no mundo todo. Não à toa, os governos dos países adiantados decidiram impor um cerco terminal aos paraísos fiscais, porque o dinheiro sonegado destrói a saúde dos cofres públicos e impõe uma injustiça monstruosa à sociedade. 
Em dinheiro de 2006, a Globo devia 615 milhões de reais à Receita. Isso são seis vezes o que a Globo definiu como o maior caso de corrupção da história do Brasil, o Mensalão. Pressionada, a Globo, depois de tergiversar, admitiu que tivera sim problemas com a Receita. Mas jamais mostrou o DARF, o recibo, para comprovar que acertara as contas.
Se o enredo já não fosse sensacional, entrou depois em cena a notícia – confirmada – de que uma funcionária da Receita tentara fazer desaparecer a documentação do caso. Uma história fiscal passou a ser policial também.A funcionária escapou da prisão graças a um habeas corpus de Gilmar Mendes. Para quem ela trabalhara? Teoricamente, basta buscar na lista dos beneficiários de um eventual sumiço. Não são tantos assim.Estranhamente, ou não estranhamente, pensando bem, a mídia corporativa – que tem exércitos de repórteres – não fez o menor esforço para encontrar funcionária e tentar esclarecer um caso de dimensões extraordinárias. Isso atesta a miséria do jornalismo investigativo nacional.Cenas bizarras vão aparecendo: um advogado da Globo disse não se recordar do caso, como se estivesse falando da conta de um restaurante.
Um repórter do UOL entrou no caso, provavelmente sem conhecimento dos donos, extraiu da Globo a admissão da multa e sumiu exatamente no momento em que conseguira mostrar que tinha uma grande história.

O UOL – da Folha, sócia da Globo no jornal Valor – não deu mais nada. O mesmo comportamento teve seu irmão, a Folha, que estampa na primeira página a informação de que é um jornal a serviço do Brasil. Sim, a serviço do Brasil – mas desde que isso não signifique investigar a Globo.
Fora todos os fatos comprovados, há especulações eletrizantes.
Exemplo: a justiça suíça, ao denunciar no ano passado a rede de propinas comandada por João Havelange e Ricardo Teixeira, denunciou a propina milionária paga num paraíso fiscal para Havelange para que garantisse a uma emissora de televisão que a Fifa venderia a ela, e não à concorrência, os direitos da Copa de 2002.
Quanto a Globo ganha com futebol é uma enormidade: em 2012, foram vendidas seis cotas a patrocinadores por 174 milhões cada. Isso dá mais de 1 bilhão de reais. O tamanho do negócio do futebol justificaria qualquer coisa?
Esta é uma das questões que deveriam estar sendo discutidas publicamente, num regime de transparência urgente, dado o torrencial interesse público do caso. Mas não.Há um silêncio abjeto que paira sobre este escândalo – exceto pela luta heroica e solitária dos bravos Davis da internet contra o Golias e seus amigos, ou cúmplices, se você quiser.

Não são os Andes ou Alpes, é a Serra do Tabuleiro em Santa Catarina




Parece uma paisagem distante, mas é bem perto. Com a neve que caiu nestes dias de frio intenso, a Serra do Tabuleiro, em Santa Catarina, ficou parecido uma paisagem de uma estação de esqui...

Muito frio.