domingo, 30 de dezembro de 2012

Universo está parando de fabricar novas estrelas, mostra levantamento

SALVADOR NOGUEIRA

Já não se fazem mais estrelas como antigamente. Um novo estudo mostra que 95% de todas elas já nasceram.


Também, pudera. Lá se vão 13,7 bilhões de anos, dos quais durante todo o tempo, salvo os 500 milhões de anos iniciais, o Cosmos vem fabricando novas estrelas.

A essa altura, a matéria-prima para a formação estelar --nuvens de gás-- está em vias de se tornar insuficiente para novas fornadas.

O trabalho, sob a batuta de David Sobral, da Universidade de Leiden (Holanda), teve observações de três diferentes instalações: o Ukirt e o Subaru, no Havaí, e o VLT (Very Large Telescope), no Chile.

Graças a essa combinação, astrônomos conseguiram observar diversas amostras de galáxias. Embora seja difícil distinguir estrelas individuais nesses casos, é possível analisar o espectro (a "assinatura" de luz) e identificar o nível de formação estelar.
Editoria de Arte/Folhapress


E, como a luz desses objetos que chega até nós tem velocidade finita, viajando a 300 mil km/s, quanto mais longe olhamos, mais velha é a luz (o que permite estudar estados antigos do Universo).

"Obtivemos amostras grandes e robustas de galáxias que correspondem a 4,2 bilhões, 7 bilhões, 9,2 bilhões e 10,6 bilhões de anos atrás", diz Sobral. Seu artigo foi aceito pela publicação "Monthly Notices of the Royal Astronomy Society".

A referência buscada no espectro é uma emissão na chamada linha H-alfa do hidrogênio. "É a mais confiável de todas", afirma Laerte Sodré Junior, do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP.

Segundo ele, as principais conclusões estão de acordo com outros trabalhos. "Todos eles sugerem que a 'época de ouro' da formação estelar ocorreu há muito tempo e, essencialmente, em todo o intervalo de tempo coberto pelo estudo, a taxa de formação estelar vem decrescendo."

Não deixa de surpreender o fato de que restam só 5% para que o "download de estrelas" seja completado. Dali para frente, o Universo terá de se resignar a, calma e lentamente, se encaminhar para um tedioso apagar das luzes. Isso se a tendência for mantida, diz Sodré

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

'Resultado da Rio+20 podia estar em papel higiênico', diz chefe da Eco-92

JULIANA DAL PIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Partes do relatório final da conferência Rio+20, realizada pela ONU em junho no Rio, foram tão fracas que poderiam ter sido impressas "em papel higiênico".

A avaliação foi feita ontem pelo canadense Maurice Strong, 75, secretário-geral da Eco-92, conferência sobre ambiente, também da ONU, realizada na cidade há 20 anos. A Eco-92 acabou se tornando um marco dos encontros ambientais globais.

"A parte oficial dos governos [na Rio+20] foi muito fraca, decepcionante. Por outro lado, a sociedade civil foi muito útil, com cerca de 50 mil pessoas presentes. Mas, para deixar as coisas claras, eu acho que o relatório final podia até ser impresso em papel higiênico", disse.
Wallace Teixeira - 15.jun.2012/Fotoarena

O canadense Maurice Strong durante a conferência Rio+20

Em entrevista após palestra no Conselho Empresarial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Strong disse que, no relatório final, governos chegaram até mesmo a voltar atrás em pontos que já haviam sido definidos nas reuniões preparatórias.

"Infelizmente, em alguns momentos, a Rio+20 não esteve nem perto de ser discutida da maneira como ocorreu em 1992", queixou-se.

Para Strong, os governantes mundiais estavam -e ainda estão- mais preocupados com suas crises internas.

Durante a palestra, o ativista elogiou os esforços brasileiros no combate às mudanças climáticas e citou o investimento na produção de etanol como exemplo.

Apesar dos fracos resultados da Rio+20, avalia Strong, a cidade se tornou a capital mundial do ambiente e da sustentabilidade.

O secretário-geral da Eco-92 disse ainda que pensa em instalar na cidade a sede da Earth Council Alliance, entidade criada por ele há 20 anos, que busca pressionar os governos a respeito de questões climáticas.

Mas seu maior esforço atual, disse, é para que Brasil e China se aproximem e façam parcerias sustentáveis.

Em sua opinião, por terem economias complementares, os dois países podem criar para o mundo um novo conceito de sustentabilidade.

Folha de S. Paulo

sábado, 1 de dezembro de 2012

SOLOS - Processo de formação




Você consegue imaginar uma plantação neste costão rochoso? É esquisito, parece que não existe solo. Observamos uma vegetação rasteira no alto do morro, mas, além do declive e da proximidade do mar, a foto mostra rochas que não se transformaram em solo propriamente dito, aquele que pode ser cultivado. Isto não quer dizer, entretanto, que toda rocha obrigatoriamente deverá se transformar em solo.

É importante visualizar os solos como corpos dinâmicos naturais, cujas características (como a de um ser vivo) são decorrentes das combinações de influências que recebem. Como o solo é substrato onde evoluem outros sistemas, tais características irão também influenciar na evolução de diferentes componentes das paisagens como: relevo, vegetação, comportamento hídrico.
O processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à formação de partículas não consolidadas.
Intemperismo físico: promove a modificação das propriedades físicas das rochas (morfologia, resistência, textura) através da desagregação ou separação dos grãos minerais antes coesos, acarretando no aumento da superfície das partículas, mas não modificando sua estrutura. Sua atuação é acentuada em virtude de mudanças bruscas de temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento dão origem a tensões que conduzem a formação de fissuras nas rochas assim desagregando-as. A mudança cíclica de umidade também pode causar expansão e contração. Espécies vegetais de raízes profundas, ao penetrarem nos vazios existentes, também provocam aumento de fendas, deslocamento de blocos de rochas e desagregação.
A superfície exposta ao ar e a água, aumentada pela fragmentação, abre caminho e facilita o intemperismo químico.
Intemperismo químico: ocorre quando estratos geológicos são expostos a águas correntes providas de compostos que reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua constituição. Esse fenômeno é o intemperismo químico, que provoca o acréscimo de hidrogênio (hidratação), oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em minerais que antes não continham nenhum destes elementos. Muitos minerais secundários formaram-se por esses processos. Este tipo de intemperismo é mais comum em climas tropicais úmidos.
Intemperismo biológico: é caracterizado por rochas que perdem alguns de seus nutrientes essenciais para organismos vivos e plantas que crescem em sua superfície.
À medida que o intemperismo vai atuando (tempo), a camada de detritos torna-se mais espessa e se diferencia em subcamadas (horizontes do solo), que em conjunto formam o perfil do solo. O processo de diferenciação dos horizontes ocorre com incorporação de matéria orgânica no seu interior. Partículas migram descendentemente, levadas pela gravidade e até realizam movimentos ascendentes carregadas com a ascensão do lençol freático. Ainda, deve ser considerada a atuação de plantas, cujas raízes absorvem elementos em profundidade e estes são incorporados à superfície.
Na verdade, a origem e evolução dos solos são condicionadas por cinco fatores:
Material de origem: a ação do intemperismo nas rochas depende de seus materiais constituintes, sua estrutura e composição mineralógica;
Clima: precipitação e temperatura regulam a natureza e a velocidade das reações químicas. A disponibilidade de água (chuvas) e a temperatura agem acelerando ou retardando as reações do intemperismo;
Relevo: a topografia e a cobertura vegetal regulam a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais. Isto interfere na quantidade de água que infiltra e percola no solo. Este processo (em tempo suficiente) é essencial para consumação das reações e drenagem;
Microrganismos: a decomposição de matéria orgânica libera gás carbônico cuja concentração no solo pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso diminui o pH das águas de infiltração. Alguns minerais, como alumínio, tornam-se solúveis somente em pH ácido, isto é, necessitam desta condição para se desprender de sua rocha de origem. Outros produtos de metabolismo, como ácidos orgânicos secretados por liquens, influenciam também os processos de intemperismo.Assim como raízes que exercem forca mecânica nas rochas que pode acarretar em sua desagregação;
Tempo: variável dependente de outros fatores que controlam o intemperismo, principalmente dos constituintes do material de origem e do clima. Em condições de intemperismo pouco agressivas é necessário um tempo mais longo de exposição para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.
A partir de um perfil do solo, é possível visualizar a ação do processo de intemperismo!!!
Chama-se de perfil do solo a seção vertical que, partindo da superfície, aprofunda-se até onde chega a ação do intemperismo, mostrando, na maioria das vezes, uma série de camadas dispostas horizontalmente (horizontes), paralelas à superfície do terreno, que possuem propriedades resultantes dos efeitos combinados dos processos de formação do solo (pedogênese).