quarta-feira, 16 de maio de 2012

O pão da Educação!!


Poesia ativa: o pão da educação!

A geografia é ativa e apraz 

quando se faz viva poesia,

provocativa no indagar o pensar,

olhar, agir

sobre o mundo e derredor,

buscando um sentido maior

que abre a mente,e faz ver fundo:

o que mente, o formal e o indecente...



A reflexão que se quer agregar

fala da geografia que desoculta

( aos olhos)

tempos, espaços, territórios

e paisagens abruptas, perdidas,

roubadas,regradas, iludidas...

Quer falar do profícuo

e profundo galgar da ávida filosofia

que abre as cortinas da vida

em seu complexo deslizar...



Nossa reflexão quer ser semente

que planta outros dias

em que as gentes terão o pão

num mundo de mais valia:

não a mais-valia que rouba sonhos,

alegrias e produções,

mas a mais valia da vida

regada e saciada

com o pão sagrado da educação.


Geografia em poesias

quer plantar reflexão

pra repensar as correntes

míopes ou cegas.

E se encarrega de cultivos

bem fecundos

pra fazer (re)ver os mundos

pelo crivo profundo de outras lentes.


Quer plantar conhecimentos

de olhares contundentes

capazes de tecer, de repente,

outras vigas, outras bases

de vidas decentes pras gentes.


(Poema extraído do livro "Geografia em poesias:
tempos, espaços, pensamentos...)

terça-feira, 15 de maio de 2012

A educação possível



"A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas é mais nociva do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos"

Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.  
Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem.  
Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e desenvolver sua personalidade?  
É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.  
Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.  
No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: "cidadania".  
O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados.  
Sou de uma família de professores universitários. Fui por dez anos titular de lingüística em uma faculdade particular. Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o currículo, as notas...) e em parte ao desalento. Já nos anos 70 recebíamos na universidade jovens que mal conseguiam articular frases coerentes, muito menos escrevê-las. Jovens que não sabiam raciocinar nem argumentar, portanto incapazes de assimilar e discutir teorias. Não tinham cultura nem base alguma, e ainda assim faziam a faculdade, alguns com sacrifício, deixando-me culpada quando os tinha de reprovar.  
Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós, que os escolhemos e sustentamos.

Fonte: Rev. Veja, Lya Luft, ed. 2009, 23/5/2007.
 

domingo, 13 de maio de 2012

Código Florestal: a ganância suplanta a vida

Foi aprovado o "novo" Código Florestal pela Câmara Federal.

A aprovação foi uma vitória do latifúndio, dos desmatadores, dos insanos, dos assasssinos da vida. Sim, assassinos da vida, pois na ância de ganharem cada vêz mais, destróem o nosso futuro.

Eu não esperava que o Código fosse salvar a natureza. Ao contrário, pois em tudo que o homem "mete a mão", dá nisso: destruição e desgraça para a todos.

Mas, também, penso que nem tudo está perdido. A adversidade sempre se mostra indutora da resistência e da luta por um mundo melhor, mais fraterno.

Reproduzo aqui um post do RS Urgente (AQUI)

Assim, em busca de tentar mudar o que foi aprovado, o Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, que reúne mais de 200 instituições, divulgou nota nesta sexta-feira, manifestando sua “profunda indignação” com a aprovação, na Câmara dos Deputados, das alterações no Código Florestal. “A aprovação do relatório do deputado Paulo Piau representa o maior retrocesso na legislação ambiental na história do País”, diz a nota.

Leia a íntegra do documento:

O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável manifesta sua profunda indignação com a aprovação do projeto de Código Florestal pela Câmara dos Deputados em 25 de abril. A aprovação do relatório do deputado Paulo Piau representa o maior retrocesso na legislação ambiental na história do País.

Se o texto aprovado pelo Senado já significava anistia aos desmatamentos ilegais e incentivos a novos desmatamentos, os deputados conseguiram o que parecia impossível: torná-lo ainda pior. O texto revisado pela Câmara dos Deputados, além de ferir os princípios constitucionais da isonomia, da função social da propriedade e da proibição de retrocessos em matéria de direitos fundamentais, fere frontalmente o interesse nacional.

Usando hipocritamente o discurso de defesa dos pequenos proprietários, os deputados derrubaram as poucas melhorias que o Senado efetuou e aprovaram um texto que apresenta incentivos reais a novos desmatamentos, inclusive em nascentes e outras áreas de produção de água, ocupações em manguezais (apicuns), e permite benefícios econômicos mesmo para quem continuar a desmatar ilegalmente.

Considerando a inconstitucionalidade do projeto e a contrariedade ao interesse nacional, que trazem perversos impactos na vida de todos brasileiros, confiamos e apoiamos o compromisso da presidenta Dilma de não aceitar anistia a crimes ambientais, redução de área de preservação permanente e incentivos aos desmatamentos, o que só ocorrerá com o Veto Total ao projeto aprovado na Câmara.

Brasília, 26 de abril de 2012
Comitê Brasil em Defesa das Florestas
e do Desenvolvimento Sustentável