quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cartografia- A Linguagem dos Mapas.


CARTOGRAFIA: A LINGUAGEM DOS MAPAS


 INTRODUÇÃO

A cartografia envolve as técnicas de criação de mapas, sendo uma ferramenta importante para a geografia. Apresenta desafios, como, por exemplo, representar uma esfera (Terra) sobre um plano (mapa-múndi), ocorrendo distorções. Um segundo desafio é descobrir a ideologia que um mapa esconde, isto é, mapas contêm visões de mundo.

Como a Terra é redonda, o Brasil, por exemplo, pode ser visto de vários ângulos e, o mais importante, todos estão corretos.



Nesta visão, o Brasil está no centro do planeta.




ELEMENTOS PRINCIPAIS DA CARTOGRAFIA

ESCALAS são a relação entre as dimensões apresentadas em um mapa e seus valores reais correspondentes no terreno.

TIPOS

NUMÉRICA – é representada por uma fração e normalmente é dada em centímetro. Exemplo:




No exemplo acima, 1 cm no mapa é, na realidade, 500.000 vezes maior. Para resolver um exercício, normalmente transforma o número em quilômetro, obtendo-se a seguinte relação: 1 cm = 5 km.

GRÁFICA — é representada por uma linha reta graduada, tendo como módulo básico o centímetro. Exemplo:

1: 12.000.000

É NECESSÁRIO SABER FAZER ESTA REDUÇÃO NA ESCALA MÉTRICA

CONTANDO ''ZEROS'' A PARTIR DA ESQUERDA VAMOS PREENCHENDO AS CASA DA ESCALA MÉTRICA

COMO NO EXEMPLO ABAIXO



Nesse caso, 1 cm no mapa equivale 12.000.000 cm ou na realidade a 120 km.

ESTA FÓRMULA AUXILIA NO CÁLCULO



ONDE ''D'' É A DISTÂNCIA NO TERRENO (REAL) ''d'' É A DISTÂNCIA NO MAPA E ''E '' É A ESCALA USADA PARA AMPLIAR OU DIMINUIR UMA ÁREA OU TERRENO

PROJEÇÕES

Projeções envolvem a representação da Terra em um plano, destacando a rede de paralelos e meridianos da esfera terrestre. Utilizam figuras geométricas semelhantes a uma esfera ou aquelas que permitem o seu desenvolvimento, destacando-se o cone, o cilindro e o plano.








Exemplos
I. PROJEÇÃO DE MERCATOR




Nessa projeção, os paralelos e os meridianos são linhas retas que se cortam em ângulos retos, porém as áreas polares mostram tamanho exagerado. É uma projeção conforme, porque tem a vantagem de conservar a forma dos continentes, mas traz a desvantagem de deformar as áreas relativas dos continentes, isto é, a deformação aumenta próximo aos pólos.

Observando a figura acima, a América do Sul aparenta ser menor que a Groenlândia, mas, na realidade, ela tem quase 18 milhões de km2 contra 2 milhões de km2 da Groenlândia. Portanto, é uma projeção cilíndrica conforme, sendo usada na navegação. Questiona-se o eurocentrismo desta projeção.


II. PROJEÇÃO DE PETERS



É uma projeção cilíndrica equivalente, que conserva a proporcionalidade das áreas relativas entre os continentes, mas as formas são distorcidas, destacando-se o alongamento dos continentes.

ELEMENTOS SECUNDÁRIOS DA CARTOGRAFIA

CURVAS DE NÍVEL


As curvas de nível são chamadas de isoípsas e unem pontos de mesma altitude de relevo. Esse conceito apareceu na Holanda, no século XVIII e foi usado para cartografar o fundo do rio Merwede, sendo um sistema matemático baseado em levantamentos geodésicos, no qual o marco zero metro é o mar.

As curvas de nível apresentam as seguintes características:
● Representam tanto a altitude quanto a forma de relevo.
● Quando existem grandes diferenças de altitudes em pequenos espaços, as linhas apresentam-se muito próximas umas das outras; quando o relevo é suave, as diferenças são menores e as linhas apresentam-se mais distanciadas.
● De acordo com a variação da altitude, a equidistância das curvas pode ser de 10, 20, 50 ou 100 metros.






ROSA-DOS-VENTOS


A rosa-dos-ventos é um meio de orientação importante devido à extensão do planeta e serve como vocabulário da geografia, aparecendo no nosso dia-a-dia e principalmente nos vestibulares.




É formada pelos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.
• Cardeais
– norte ou setentrional ou boreal
– sul ou meridional ou austral
– leste ou oriental ou nascente
– oeste ou ocidental ou poente

• Colaterais: ficam entre os pontos cardeais.
– nordeste (NE) – entre o norte e o leste;
– sudeste (SE) – entre o sul e o leste;
– sudoeste (SO) – entre o sul e o oeste;
– noroeste (NO) – entre o norte e o oeste.

• Subcolaterais: ficam entre os pontos cardeais e os colaterais.
NNE = nor-nordeste
ENE = es-nordeste
ESE = es-sudeste
SSE = su-sudeste
SSO = su-sudoeste
OSO = oes-sudoeste
ONO = oes-noroeste
NNO = nor-noroeste

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

Conjunto de linhas imaginárias traçadas sobre a superfície terrestre, objetivando localizar qualquer lugar ou ponto.

• Latitude: é a distância em graus de um ponto qualquer da superfície terrestre à linha do Equador, variando de 0° a 90° tanto para o norte como para o sul.

• Longitude: é a distância em graus de um dado ponto da superfície terrestre ao meridiano de origem (Greenwich), variando de 0° a 180° para leste e para oeste.




Para compreender melhor as coordenadas, é fundamental lembrar-se das principais linhas imaginárias.
• Paralelos: círculos menores e paralelos ao Equador (divide a Terra em dois hemisférios).






• Meridianos: são círculos máximos que passam pelos pólos, destacando o principal: Greenwich (divide a Terra em dois hemisférios).


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Industrialização Brasileira

A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Introdução
A indústria é uma atividade humana e econômica que transforma, em etapas sucessivas, produtos naturais em bens para o consumo. Ela apresenta como lado positivo a geração de empregos, o desenvolvimento econômico de uma região e o acesso à tecnologia, mas, por outro lado, gera poluição e agrava as desigualdades sociais. E quanto mais industrializado um país é, mais independente ele se torna pois não tem a necessidade de comprar em outros país o que necessita.A produção industrial moderna, no sistema capitalista, é realizada no âmbito das empresas e dos estabelecimentos industriais. A empresa industrial é a unidade financeira de produção, que pode englobar um ou mais estabelecimentos industriais e que realiza as compras e vendas necessárias ao funcionamento da indústria. O estabelecimento industrial é a unidade técnica de produção através da qual se obtém um produto final ou uma linha de produtos que emprega as mesmas matérias-primas ou os mesmos processos industriais. Assim, o estabelecimento industrial põe em funcionamento os meios de produção, e a empresa industrial cria as condições para esse funcionamento (compra as matérias-primas necessárias, os equipamentos e as máquinas, paga o pessoal, consegue capitais, empréstimos, vende a produção etc.)


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Indústria têxtil (Tipo instalado desde o século XIX)

Tipos

Existem diversos critérios para se classificar a produção industrial. Se tomarmos como ponto de referência o destino final da produção, podemos distinguir as indústrias de bens de equipamento e as indústrias de bens de uso ou de consumo.

Os bens de equipamento, também chamados bens de produção ou bens de capital, são os produtos industriais que não se destinam ao consumo imediato das populações, mas são utilizados para manter e ampliar a própria produção industrial.

Incluem-se nessa categoria a produção de energia, de máquinas, de ferramentas, de aparelhos, como também a própria produção de matérias-primas e de produtos semi-elaborados. Os consumidores dos bens de equipamento são as próprias empresas industriais.

Bens de uso ou de consumo são os produtos industriais destinados ao consumo imediato, não necessitando de novas transformações industriais. Como exemplo poderíamos citar o automóvel ou os calçados (bens de uso), os alimentos, as bebidas, o fumo (bens de consumo).

Outra forma de classificar as indústrias é agrupá-las em pesadas e leves, usando-se como critério o volume de investimento que elas demandam.

A indústria pesada é sempre de grande porte, transformando enormes quantidades de matéria-prima. É o caso das indústrias siderúrgicas, das petroquímicas e das indústrias de mecânica pesada. Chamam-se também indústrias de base. Além de demandar grande investimento de capital, costumam concentrar-se geograficamente na proximidade das áreas produtoras das matérias-primas ou dos grandes centros de consumo de seus produtos.

A indústria leve engloba os setores industriais cuja produção não depende de investimentos vultosos, podendo operar mesmo em pequena escala. É o caso das indústrias alimentícias, têxteis, das metalúrgicas produtoras de peças, e ainda das indústrias fabricantes de aparelhos e equipamentos de alta precisão, como máquinas calculadoras, computadores etc. A indústria leve apresenta maior dispersão geográfica que a indústria de base.

Histórico

Antes da industrialização, a organização do espaço geográfico no Brasil era do tipo “arquipélago”, ou seja, áreas relativamente independentes e sem integração umas com as outras. Cada área tinha mais relações com o exterior, sobretudo com o mercado europeu, do que com as demais áreas. As “ilhas” desse arquipélago eram: a cana da Zona da Mata, o tabaco de Salvador, o ouro de Minas Gerais, a borracha da Amazônia e o café do Sudeste. A industrialização promove a integração do espaço nacional, colocando fim ao “arquipélago econômico”.

No século XIX, a industrialização do país era fraca, em razão de vários fatores, como o domínio econômico da aristocracia rural agroexportadora e das relações escravagistas de trabalho. O escravo era um empecilho à industrialização, pois não participava do mercado consumidor, já que não recebia rendimentos, além do que não poderia ser demitido numa crise ou contratado numa fase de expansão. Observe, pela tabela a seguir, a “tímida” industrialização.


2Fonte: Heitor Ferreira Lima, História político-econômica e industrial do Brasil


A cafeicultura foi básica para a industrialização do país, pois foi com os capitais gerados pelas exportações do café que se adquiriram as primeiras máquinas para as indústrias. Os imigrantes, atraídos pelo café, também contribuíram para o processo, já que dispunham do hábito de consumir produtos, ampliando o mercado interno de consumo, além de formar uma importante mão-de-obra operária para a indústria nascente. Este imigrante foi a opção para substituir o trabalho escravo, extinto em 1888. A cafeicultura desenvolveu o transporte ferroviário , sobretudo em São Paulo, direcionado ao porto de Santos, objetivando o mercado externo. Essa infraestrutura também foi aproveitada pela indústria, que era caracterizada pelos setores de alimentação e têxtil.

3Fonte: Heitor Ferreira Lima, História político-econômica e industrial do Brasil

Pela tabela, percebe-se que a industrialização nacional começou com a indústria leve ou de bens de consumo não-duráveis, não ocorrendo a implantação de indústria de bens de produção, exigindo a importação de máquinas, aumentando a dependência tecnológica em relação aos países ricos. Essas indústrias verificadas na tabela exigiam baixo investimento de capital e atendiam às necessidades imediatas da população.
No campo político, surgiram as ligas operárias em 1870, que originaram os sindicatos de trabalhadores, evidenciando os conflitos entre os trabalhadores e os empresários. Aqueles reivindicavam aumento de salário, redução da jornada de trabalho e melhores condições para se trabalhar; enquanto estes respondiam com ameaça de desemprego.
Em suma, a nossa industrialização inicial ficou conhecida por tardia, pois os países centrais já estavam bem avançados, o que garantia a hegemonia mundial.

A Revolução Industrial Brasileira

A industrialização brasileira iniciou-se no século XIX, sem apoio do Estado, uma vez que não existia uma clara política estatal para o setor, mas, a partir de 1930, o Estado assumiu a industrialização, o que causou uma verdadeira revolução. Os fatores eram positivos, como o êxodo rural gerado pela crise na cafeicultura, aumentando a classe operária e o próprio mercado consumidor; a redução das importações, devido à crise mundial de 1929; a substituição dessas importações, devido à Segunda Guerra Mundial.
Junto a esses fatores, Getúlio Vargas adotou uma política nacionalista calcada num desenvolvimento autônomo com base industrial, fato exemplificado pelo plano qüinqüenal de 1939; pela instalação da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN(1941), em Volta Redonda; e pela criação da Companhia Vale do Rio Doce, a CVRD ( 1942 ), em Minas Gerais, atuando na área extrativa. Ainda no “espírito” nacionalista, surgiu, em 1938, o Conselho Nacional do Petróleo, e a Petrobras, em 1953, objetivando controlar o petróleo para o desenvolvimento dos transportes.

4Fonte: Diniz, Eli. Empresário, Estado e Capitalismo no Brasil (1930-45)


A tabela evidencia nossa revolução industrial e uma maior diversificação com metalurgia, cimento, mecânica, material elétrico, transportes, entre outras, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro, por causa da infraestrutura deixada pela cafeicultura.

O Governo Juscelino Kubitschek

Este governo, de 1956 a 1961, adotou uma política desenvolvimentista, baseada numa maior intervenção do Estado na economia e no desenvolvimento industrial dependente de capitais e tecnologia estrangeiros.
Nesse contexto, foi lançado o Plano de Metas, consagrado pela frase “ Crescer 50 anos em 5”, cujos objetivos abrangiam seis grupos: energia, transporte, alimentação, indústria de base, educação e a construção de Brasília. O plano foi marcado pela invasão de multinacionais e pelo desenvolvimento da infraestrutura, notadamente rodovias e hidrelétricas, com capital estatal. Observe, pela tabela abaixo, a entrada do capital estrangeiro.

5Fonte: Luiz Carlos Bresser Pereira, Desenvolvimento e crise no Brasil.

Esse capital impulsionou as indústrias de bens de consumo duráveis, principalmente automóveis e eletrodomésticos, e aumentou o consumo dos derivados de petróleo. As multinacionais impuseram novidades de consumo, idealizadas pelo american way of life, ampliando o seu poder na América Latina. O resultado foi o aumento da dependência econômica e tecnológica em relação aos países ricos, sobretudo EUA e Alemanha, além da elevação do endividamento externo.

Em suma, o Plano de Metas assentava-se num tripé: capital estrangeiro , capital nacional e a indústria de base, com preocupação quanto à expansão da rede de transportes rodoviários e à produção de energia hidrelétrica.


O Milagre Econômico (1967-1973)

A partir de 1967, retomou-se o processo de desenvolvimento, graças à conjuntura favorável no plano internacional, que contava com um excesso de liquidez, ou seja, dólares à procura de aplicação. Aproveitando a situação, o ministro Delfim Netto lançou o plano de combate à inflação, assentado em duas bases: o endividamento externo para a obtenção da tecnologia estrangeira e a concentração da renda para criar um mercado consumidor.
Esse plano garantiu um crescimento econômico, mas condenou o mercado a se desenvolver de uma forma distorcida, aumentando as desigualdades sociais.

6Fonte: IBGE


Outro lado negativo foi a perda da soberania nacional, em razão da dominação da nossa economia pelas transnacionais. O país cresceu economicamente 10% ao ano (PIB) e transformou-se na oitava economia do mundo capitalista, mas ganhou vários problemas, como dívida externa (1964: 2,5 bilhões de dólares; 1978: 40 bilhões) e o título negativo de campeão das desigualdades sociais. A partir daí, aumentaram muito os miseráveis (ou excluídos) do país. (Observe a charge).


7Fonte: Folha de S. Paulo

O “milagre” ocorreu no Regime Militar (1964-85), marcado pela grande influência do Estado tanto na regulação da economia como também na atitude econômica. Um bom exemplo industrial organizado pelo Estado foi a criação da Suframa, a Superintendência da Zona Franca de Manaus, em 1968, atrelada à Sudam. Ela vendia terrenos para as fábricas a preços simbólicos, com incentivos à exportação e à importação, bem como isenções de impostos, como o IPI e o ICMS. O parque industrial abrangeu fábricas de motocicletas, bebidas, metalúrgicas, tecidos, relógios, motores, eletrônicos, e até uma refinaria de petróleo.

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Fonte: IBGE

Das quatro superintendências do mapa, três foram criadas pelo regime militar: a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em 1966; a Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul (Sudesul), em 1967; e a do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Sudeco), em 1968. A da Região Nordeste foi criada 1959. Elas evidenciaram a política federal de integração e desenvolvimento nacional, visando a diminuir as disparidades regionais e a concentração econômica no Sudeste.

O Pós-1985


A década de 1980 ficou conhecida como a década perdida e foi caracterizada pela recessão, inflação e desemprego, gerados por uma economia estagnada após o segundo choque do petróleo de 1979. Nesse contexto, vários setores da sociedade apontavam o fim do Regime Militar, como “saída” para a crise, mas os problemas continuaram (como a inflação elevada) com os governos civis no poder, fato que comprometeu a nossa industrialização.
Para controlar a inflação, só no governo Sarney, três planos foram tentados, mas todos fracassaram, deixando a classe média mais pobre, com a queda do poder aquisitivo dos salários: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987) e o Plano Verão (1989). Nos demais governos, Collor, Itamar e FHC, foi adotada a receita neoliberal, imposta pelos EUA e pelo FMI, na qual o objetivo visa a diminuir a participação do Estado na economia, com privatizações. Começou com as siderúrgicas e passou pela telefonia, energia e extrativismo mineral, entre outros setores.
A sociedade passou a questionar o modelo neoliberal, pois a qualidade dos serviços piorou, as tarifas ficaram elevadas e, o pior, o dinheiro obtido das vendas das empresas estatais foi usado apenas para pagar os juros da dívida externa. A reeleição de FHC, em 1998, foi explicada pelo mérito em controlar a inflação.

Para agravar a industrialização, o modelo neoliberal está inserido no processo de globalização, coordenado pelos EUA e por outros países ricos, abrindo mais a economia nacional para o grande capital, gerando falências internas, pois a concorrência é desleal. Essa modernidade imposta não foi acompanhada por reformas estruturais, fato constatado nos dois governos de FHC, pois não ocorreu a reforma tributária, fundamental para nossa industrialização, reduzindo o poder de investimentos. Resultados: agravamento da exclusão social, desemprego, concentração de renda e arrocho salarial.


Concentração e Desconcentração Industrial

9Fonte: MEC/FAE, Atlas geográfico, p. 28.

Quanto à distribuição espacial da indústria, o que se verifica é uma grande concentração de estabe- lecimentos na região Sudeste.
A concentração industrial na região Sudeste e, sobretudo, no Estado de São Paulo, deve-se a fatores históricos que já conhecemos. Esses fatores (a lavoura de café, entre outros) orientaram o surgimento da atividade industrial nessa região. Mas um outro fator também explica essa concentração espacial – é a interdependência que se estabelece entre as várias empresas industriais. Por exemplo, a indústria automobilística está ligada às metalúrgicas, às indústrias de autopeças, de tintas, de vidros etc.

Além disso, a concentração industrial é acompanhada pela concentração das demais atividades econômicas e extra-econômicas. Assim, a indústria, o comércio e o sistema bancário e financeiro dependem uns dos outros.
Por outro lado, a concentração das atividades econômicas gera um grande número de empregos, atraindo população de outras regiões e criando grandes centros populacionais, que necessitam de serviços, incluindo-se escolas, centros culturais e profissionais. Por isso, as grandes metrópoles são também os núcleos culturais mais desenvolvidos do país.

A desconcentração industrial ocorreu a partir da década de 1970, motivada pelos desequilíbrios regionais que levaram o governo a adotar medidas como incentivos fiscais e programas para as áreas periféricas, surgindo, por exemplo, os pólos petroquímicos de Camaçari (BA) e de Canoas (RS).
Na década de 1980, a crise econômica gerada pelo alto preço do petróleo atingiu a área mais industrializada do país, a região metropolitana de São Paulo, inibindo a instalação de novas unidades industriais, com desvantagens como a organização sindical forte, assustando os empresários, e a saturação da infraestrutura viária.

10Fonte: Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de S. Paulo

Observando o mapa, a concentração ocorre na Grande São Paulo, com diversidade industrial, e a desconcentração ocorre acompanhando as grandes rodovias. Na via Dutra (1), destaca-se São José dos Campos, entre outras, com indústrias aeroespacial e bélica. No Eixo Castelo Branco (2), destaca-se Sorocaba; no Eixo Anchieta – Imigrantes, sobretudo em Cubatão desenvolvem-se os ramos químico, petroquímico e siderúrgico; e no Eixo Bandeirantes, até as vias Anhangüera e Washington Luís, a agroindústria é a de destaque.
Quanto ao Espírito Santo, este estado é o menos industrializado do Sudeste, mas ali se desenvolvem os ramos metalúrgico, alimentício e o madeireiro. No Rio de Janeiro, a industrialização acompanhou a função portuária, beneficiando-se da condição histórica de conter a capital do país até a construção de Brasília. Atualmente, o forte é o setor petrolífero no norte Fluminense, na região de Macaé.

11Fonte: MEC/FAE, Atlas Geográfico, p. 39.

Quanto ao Estado de Minas Gerais, o ramo alimentício marca o Triângulo Mineiro (Araguari, Uberaba e Uberlândia) e o sul, com Poços de Caldas e Alfenas. O principal ramo é o metalúrgico, transformando o rio Doce no “Vale do Aço”, devido ao complexo siderúrgico e às reservas de minerais metálicos. Mas, a cidade mineira mais famosa é Itajubá, com o segundo maior crescimento em PIB do país entre 1970 e 1996. O segredo está na associação educação-tecnologia, com universidades, mão-de-obra qualificada e indústrias com alta tecnologia, que produzem fibras ópticas, reatores, componentes eletrônicos e até helicópteros (Helibrás). Portanto, é o mais novo exemplo de tecnopolo.
Os “tecnopolos” são parques empresariais e científicos especializados no desenvolvimento da alta tecnologia e da chamada tecnologia de ponta (química fina, robótica, informática, eletrônica, raio laser etc.).
As regiões de Campinas (favorecida pela presença da Unicamp), de São José dos Campos (onde está localizado o Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA) e São Carlos (que abriga a UFSCar e um campus da USP) são alguns dos centros industriais que ostentam a tecnologia mais avançada do país.
9. Nova Desconcentração
A partir da década de 1990, a nova desconcentração ganhou o apelido de “Guerra Fiscal” entre os Estados, pois as indústrias são disputadas entre os Estados, que oferecem terrenos e isenções. As indústrias que, por exemplo, deixam o Estado de São Paulo alegam que o processo de globalização exige custos finais mais baixos para ganhar competitividade, aproveitando as vantagens citadas, além da mão-de-obra mais barata e menos politizada. Confira a desconcentração, pela tabela:


12Veja, 7 de março, 2001
A região Sul, segunda em industrialização, estruturou-se nos ramos alimentício e têxtil, respectivamente, na Grande Porto Alegre (RS) e no eixo Joinville-Blumenau – Brusque (SC). Mas, crescem os ramos químico, metalúrgico e siderúrgico, sendo Florianópolis a vedete nacional com o maior crescimento do PIB, nos últimos anos.
A Região Norte, como vimos, está relacionada à Zona Franca de Manaus, enquanto no Centro-Oeste, a região menos industrializada cresce no ramo alimentício, sobretudo os frigoríficos e, atualmente, nos ramos mineral e de material elétrico. Essas regiões são prejudicadas pela deficiente rede de transporte e pelo mercado consumidor restrito.
Quanto ao Nordeste, a terceira região industrializada, a concentração ocorre na Zona da Mata ou Litoral Oriental, sobretudo na região Metropolitana de Salvador, com o pólo petroquímico de Camaçari, “alimentado” pela Refinaria Landulfo Alves, além do Distrito de Aratu, com siderurgia (Usiba); e a região Metropolitana de Recife, em Cabo e Paulista, com indústrias química, metalúrgica e de material elétrico.

13Fonte: MEC/FAE, Atlas geográfico, p. 42.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Teoria da Deriva Continental e Tectônica de Placas.


Conforme havia prometido aos alunos do 1° ano, na última aula, estou disponibilizando o Texto Didático sobre a Teoria da Tectônica de Placas (revisão). Para facilitar, as ilustrações seguem, logo depois (e não no meio deste, como deveriam ser).

Placas Tectônicas

A TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL E A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

A Teoria da Deriva Continental foi publicada, em 1912, pelo geólogo e meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener. De acordo com esta teoria há cerca de 250 milhões de anos, todos os continentes se encontravam interligados, juntos, formando um único bloco de terras emersas (continente), denominado Pangea ou Pangéia, o qual era circundado por um único oceano, Pantalassa (“Mar Total”).
A primeira fragmentação do Pangea deu origem a dois grandes continentes:
- Laurásia, que compreendia as terras da atual América do Norte, Europa e Ásia (exceto a Índia), no hemisfério Norte;
- Gondwana, que incluía as terras da América do Sul, África, Austrália, Antártida e a Índia, no hemisfério Sul.

Sua teoria baseava-se em evidências diretas e indiretas. A evidência direta foi o encaixe perfeito da costa atlântica da América do Sul com a costa atlântica da África. Depois as evidências indiretas foram verificadas nos dois continentes (América e África) através das análises de rochas, plantas e animais fósseis idênticos, inclusive a evidencia de algumas regiões que atualmente se encontram na zona equatorial terem registros de erosão por gelo.  .
Indagado pela comunidade científica, da época, Alfred Wegener não soube identificar e explicar o fenômeno responsável pela movimentação dos continentes e, por isso, sua teoria caiu em descaso, sendo esquecida por muitas décadas.
A partir da década de 60, no entanto, com o desenvolvimento das ciências, principalmente da Sismologia (estudo das atividades sísmicas) e das tecnologias, e as prospecções oceânicas para exploração de petróleo,  os cientistas constataram que a teoria de Wegener estava correta.
Descobriu-se que a crosta terrestre não é um bloco de terra único, estático, parado, sem movimento. Ela se apresenta fraturada em cerca de 15 placas tectônicas, as quais se movimentam em várias direções, tanto em sentidos divergentes (afastando-se) como convergentes (encontrando-se). E, também, que estes movimentos são provocados, até hoje, em consequência das correntes de convecção do magma. Como, por exemplo, sabe-se que a placa Sul-americana se movimenta cerca de 2 cm ao ano no sentido oeste.
À partir destas descobertas, a teoria passou a ser intitulada de Teoria da Tectônica de Placas.
A região de maior instabilidade tectônica corresponde às áreas onde se verifica o encontro de placas tectônicas. E este movimento convergente entre duas placas pode ser feita de três formas:
- por colisão (como no caso do Himalaia);
- por subducção (como no caso da Cordilheira dos Andes);
- por deslizamento lateral ( como no caso de São Francisco e Los Angeles).

Nestas regiões de encontro de placas, outros fenômenos tectônicos se encontram associados e,também, podem ocorrer, tais como: abalos sísmicos (terremotos e maremotos), vulcanismo, formação de cadeias de montanhas do-bradas e fossas submarinas.
Nas regiões divergentes, ou seja, de afastamento de placas tectônicas ocorrem: vulcanismo, o alargamento dos fundos oceânicos, maior distanciamento entre os continentes e a expansão dos oceanos.
A região onde há grande ocorrência de vulcanismo e terremotos é denominada de Círculo do Fogo e a sua maior incidência se dá no oceano Pacífico.

OBSERVAÇÃO: Todas as imagens postadas, neste, têm como finalidade ilustrar para melhor compreensão do texto e, estas foram capturadas da Internet.

Evolução da Terra

Alfred Wegener

Únicos continente e oceano existentes há milhões de anos na superfície terrestre


Evidência Direita: o encaixe da costa sul-americana com a costa africana
Evidências Indiretas: fósseis de animais idênticos em ambos os continentes,
assim como o mesmo tipo de rochas e fósseis de vegetais

Primeira Fragmentação do Pangea (observar a formação do Mar Tethys)


Supercontinente Gondwana
(observar que a Índia não fazia parte das antigas terras da Ásia atual)


Placas Tectônicas


Correntes de convecção do magma deslocando as placas tectônicas


Movimento por colisão das placas indo-australiana com a asiática
(gerou a cordilheira do Himalaia)

Círculo do Fogo



Publicado no blog Geografia em Foco, da professora Marli Vieira de Oliveira, em  07/05/2009.